domingo, 14 de novembro de 2010

O PLÁGIO FRANKENSTEIN



Vitor só tem uma solução para os seus problemas. Ele abre uma garrafa de cerveja e deixa de pensar no problema. Podem dizer que ele é um alcoólatra que usa a bebida para uma fuga da realidade e de seus problemas. Não sei se alcoólatra é a palavra correta para definir o seu problema com a bebida, ele diz que gosta de cerveja e ponto, que pode parar quando quiser, mas que nunca vai querer. Este vício, este amor, esta necessidade para com a cerveja é uma característica que puxou de Hank Chinaski.

Seu humor é uma coisa engraçada, tem dias que acorda achando que está no topo, acredita que vai ser um grande escritor, que tem talento. Tem dias que não está nem aí pra isso, odeia a humanidade, quer que todos morram, ainda acredita que é um grande escritor, mas não quer que ninguém leia suas coisas, porque odeia todo mundo. Trata bem os amigos, trata mal os amigos. Caminha pensando coisas positivas e vai dormir pensando em coisas negativas. Quer entrar em um cinema e atirar em todo mundo e às vezes quer ajudar algum mendigo bêbado na rua. Acorda todo dia emburrado, isto é fato. Este seu jeito ambíguo é quase um traço genético no seu DNA que pegou de Arturo Bandini.

Vitor é pessimista, nasceu assim, acha que tudo que pode dar errado com uma pessoa em todo o planeta vai dar com ele também. Acha que sofre de azar crônico. Olha pras coisas e pensa logo no que vai dar errado, talvez por isso que tudo realmente dê errado. Se acontecer alguma coisa ruim com alguém conhecido, acha que aquilo aconteceu por culpa dele. Se o seu vizinho morrer de câncer amanhã, vai ter certeza que teve sua parcela de culpa com seus charutos na janela. Todo esse lado dele vem de Nick Adams com certeza.

Vitor quer morrer cedo, tem medo da vida. Procura fugas, subterfúgios, saídas pouco ortodoxas quando aparece qualquer responsabilidade na sua frente. É um folgado, prefere ficar em casa escrevendo do que encarar a dura realidade de lá fora. William Lee foi o responsável por isso, porém Vitor nunca usou drogas... por enquanto.

Mas Vitor tem um lado aventureiro, um lado que quer largar tudo e cair na estrada, comprar um barco e dar a volta ao mundo durante um ano, conhecer pessoas novas, beber coisas diferentes, festejar e escrever sobre tudo isso. Este é o lado de Mike Ryko, o lado que Vitor mais gosta e o que menos pratica.

Enfim, tudo isto só prova que Vitor é um plágio.

Gustavo Campello

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