quinta-feira, 17 de novembro de 2011

OS TRÊS PRESENTES IGUAIS, TRÊS PESSOAS DIFERENTES E VÁRIOS PEIXES



Em homenagem a todos os meus peixes

Vitor não se lembrava quem ele havia tirado no primeiro amigo secreto da família, ele era pequeno, achou tudo aquilo divertido, porém ele se lembra perfeitamente que seu primo Giorgio o havia tirado, seu presente foi o melhor presente que ele poderia querer de aniversário e natal juntos, um aquário. Levou para a casa todo feliz, queria muito um desses porque o seu primo tinha um, lembrava de um verão em que o aquário estava vazio e eles encheram ele de lagartixas, caçavam lagartixas por toda a casa, depois as alimentavam com moscas, borboletas e qualquer outro tipo de insetos que encontravam. Este seu primeiro aquário teve uma vida curta, sua irmã bateu uma cadeira nele e o quebrou. Lembra de um Tricogaster que deu o nome de Jibóia por ser o terror do aquário, vivia batendo nos outros peixes, Vitor colocava o peixe de castigo em um pote branco ao lado do aquário para ele aprender a não maltratar os outros peixes, mas aquilo nunca funcionou. Jibóia morreu no holocausto da cadeira juntos com vários outros peixes, mas era da Jibóia que ele lembrava mais. Todos esses peixes haviam sido dados pelo seu primo Sandro que morava no mesmo prédio que Vitor, eles ficavam num pote em cima da escrivaninha do primo, quando Sandro ficou sabendo do aquário de Vitor achou melhor para os peixes irem para um lugar mais confortável e doou Jibóia e Cia.

Seu segundo aquário foi comprado como presente de aniversário de 10 anos, lembra até hoje de ir com seu pai até uma loja de aquários que se chamava “Moby Dick” e escolher um aquário de trinta litros com tampa e apoio de madeira, plantas de plástico, um timão amarelo que soltava bolhas e um motor de oxigênio vermelho. Seu pai havia ajudado a escolher o melhor aquário do mundo. Este aquário Vitor acabou dando para sua filha, mas ela desistiu depois que a Dorothy morreu. Vitor passou anos com ele ao lado de sua cama, vários peixes passaram por ele e talvez tenha sido com ele que Vitor tenha começado a tentar escrever algo, pois produzia histórias em quadrinhos baseadas nos seus peixes, chamava “Defensores do mar” ou algo assim... Vitor ainda tinha guardado todas essas histórias, mesmo sabendo hoje que esses peixes eram de água doce e morreriam rapidamente se fossem colocados no mar. Ficou sabendo recentemente que a filha dera o aquário para um tio sob pressão da avó e Vitor realmente estava feliz em saber que alguém estava cuidando dele e ele ainda continha alguns peixes, mas ficou com raiva da ex-sogra por ter dado o aquário sem ele saber.

O terceiro aquário de Vitor e que ele conservava até hoje havia sido dado por Beatriz no seu aniversário de 29 anos, gostava de olhar para ele e lembrar-se dela, de lembrar-se do Ramireze que vinha até o seu dedo para que ele fizesse carinho, do Labeo Frenatus que aterrorizava os outros peixes como Jibóia fazia a muitos anos atrás, dos seus três Matos-Grossos que iam fazer dois anos em breve.

Três aquários, os três melhores presentes da vida de Vitor, todos dados em seu aniversário, todos dados por pessoas importantes e todos com suas próprias histórias.

Gustavo Campello

Nenhum comentário:

Postar um comentário