sexta-feira, 30 de novembro de 2012

DIVAGAÇÕES SOBRE ALUCINAÇÕES



Dedicado a Ron Fugelseth

Minha mente está divagando, entre a realidade e a irrealidade. Tento focar no aqui e no agora, mas já perdi o foco.

Olho para o planeta Terra e algo está vindo em minha direção de lá, penso estar imaginando coisa, mas não, algo realmente está vindo de lá em minha direção. Parece pequeno, mas vai aumentando de tamanho conforme se aproxima mais e mais. É um trem, ou melhor, é um trem com um enorme rosto na frente. É a porra de um trem vivo!

- Está perdido? – pergunta o trem se aproximando de mim.

- Vamos dizer que sim – eu digo – quem diabos é você?

- Eu sou Stanley – diz ele – um trem que viaja pelo espaço.

- Você ta de sacanagem!

- Não – diz Stanley com a maior naturalidade possível – viajo por aí, entre os planetas.

- Sério – eu digo – pode me dar uma carona até a Terra?

- Claro – ele diz – sobe aí!

- Eu entro no Stanley, não tem nenhum maquinista.

Ele começa a viajar muito rápido, as estrelas começam a virar riscos luminosos diante de mim e eu percebo que ele está indo na direção oposta do planeta Terra. Quando finalmente penso que posso estar salvo, percebo que ele está me afastando cada vez mais de onde eu quero estar.

- Onde você quer estar e onde você precisa estar são lugares diferentes!

Eu acordo do meu transe e estou cercado de fumaça, alguém está fumando maconha e não consigo respirar direito.

Spock está fumando um beck!

- A lógica não funciona aqui – ele diz – você precisa esquecer a lógica e deixar o desespero tomar conta de você.

- Por quê? – não consigo entender mais onde estou.

- Se não se entregar aos seus sentimentos eles vão consumir sua alma ao ponto de não entender mais quem você é e o que você quer.

- Eu quero viver!

- Viver é relativo – ele para, traga a fumaça e respira fundo – você pode viver e estar morto, mas pode morrer e continuar vivo, depende do ponto de vista.

- O gato de Schrödinger?

- Não seja tolo – ele levanta a sobrancelha – o gato de Schrödinger não é a resposta, o que importa é o aqui e o agora.

Volto a mim com as palavras do Spock.

“O que importa é o aqui e o agora”

Consigo retomar minha consciência, quase perdi o controle sobre minhas faculdades mentais. Poderia ter terminado minha jornada na loucura, mas preferi estar são.

Tenho que terminar com tudo são, tenho que estar consciente nos meus momentos finais. Ainda não sei porque, mas preciso morrer com minha mente viva.

Gustavo Campello

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